segunda-feira, 1 de março de 2010

Polvilhos da saudade

"Já fazia tempo que não cozinhava. Mas tomei paciência e postei-me à meia noite na cozinha. Convictamente, de três ingredientes, decidi fazer biscoitos. De mistura fácil, sem problemas chego a massa branquinha e leve. De pouco amido, uma tirinha da massa gruda em meu dedo. É como uma carreira pular no bigode de um viciado. Me lembro porque não comia aqueles biscoitos há tempos. Não resisto nem a massa crua. Mas calmo, meu bebê dorme tranquilo na sala, sigo mexendo a massa. Que cozinha barulhenta!? Em busca da assadeira abro duas vezes cada porta, de rangido estridente como um violino desafinado. Enfim, pouca manteiga para untar. De forno quentinho. Sento frente ao fogão esperando carinho de quem está longe."

Em homenagem a minha irmã, Juliana

Gustavo Ruzene Ramos

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Vadiagem apaixonante

Quando novamente
respirarmos o mesmo ar,
posto-me a lhe perguntar
quando virou cafageste.
Porque não foi de repente.
Mesmo não tendo sobrado uma gota
nada que preste;
mesmo linda, safada e escrota,
talvez por qualidades que em mim reconheço,
ainda tenha meu apreço.


Gustavo Ruzene Ramos

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De volta ao palco

Já sinto o cheiro de sensualidade
enquanto caminho dançando
preparando minha vaidade
mais uma vez nessa treva
fogo que não é mais brando
à suspiros e sem ar
deixando sem reserva
em cacos ou estilhaço
lento ou devagar
hoje não tento, faço!

sábado, 19 de setembro de 2009

Momentos simples

Não há nada mais sofisticado, sublime, equilibrado, belo, inebriante,
encantador, etiquetado, high society... do balacobaco como os gestos simples.
Como aqueles carinhos sem querer. Naqueles dias que você meio virado,
meio brigado, meio entediado, se esquece e se aconchega na companheira...
E como isso faz falta. A ponto de te acordar no meio da noite, sem ter
em quem entrelaçar as pernas.
Ou como você simplesmente passa, sem esperar, ou até mesmo chega
sem o menor afeto na cabeça e é recebido com um sorriso e uma
voz aveludada.
Ou aquele amigo que mesmo longe, ou simplesmente sem te tocar,
te abraça com as palavras. Até com o simples silêncio.
O pior, fazemos e não nos damos conta:
tente não sorrir agora...
tente não ouvir música hoje...
aliás, nem tente...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mundo velho

Segui a trilha
daquele que se deixa levar
que seguia a dançar
para encontrar a ilha
ilha dos loucos
onde ainda se podia navegar
sem leme
podia dançar
só de chapéu
podia gritar
com a voz que nunca treme

Mas quando chegar
venha me contar

enquanto não
fico com um negro véu
ralentando meu coração


Gustavo Ruzene Ramos

sábado, 29 de agosto de 2009

Omen Ravens Cowards



Kill me
afect me
be awake to see
the monsters
the flood
of the blood
blood of the flower
in rest in the tower

When the fingers
caress the birds
the black cowards
will come to fly
hunting any soul
of the any warrior
with no life
to die

Gustavo Ruzene Ramos

domingo, 23 de agosto de 2009

Sem conciência...por pura maldade.



De volta...
eu danço sobre o caldeirão
uma dança macabra
caldeirão que ferve seu sangue
sangue que ferve no caldeirão

Revolta...
trapaça e maldição
para que nunca se abra
varrendo seu sangue
envenenando seu coração!




Gustavo Ruzene Ramos

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Solidão bem acompanhada

Como é bom se sentir sozinho
num bom aconchego
embebedar em um colo quentinho
sentir junto do ardor do alcool
o calor do carinho
E a hora que quiser
abrir as pernas
para quem vier

Porque no fundo
o que importa
não é o valor da companhia
mas mesmo que a cada dia
seja novamente trocado
é sempre estar acompanhado


Gustavo Ruzene Ramos



ps:meus companheiros que nao me entendam errado...

Renascendo

Depois de inúmeros finais
alguns suicídios e tanta morte
eu volto...para reviver

Essas marcas e sinais
todos largados à própria sorte
sem nada mais que pudessem ler

Revivendo cada marca
removendo as teias de aranha
abrindo feridas
e o sangue ja coagulado
mas em um novo rumo
nova barca
sem manha
mas desde ja embebedado...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Consolos do fracasso

Tentei
Mas não queria
Se quisesse
Faria!
Dentre as coisas que sei
Sei que a gente enlouquece
Mas nunca se esquece
De que no fundo
Eu simplesmente
Tentei


Gustavo Ruzzene Ramos